Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

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Mai 13

Álvaro Costa foi o último dos convidados a perfilar-se no contexto das aulas abertas de Jornalismo Especializado. Foi sob o signo do entretenimento e do showbiz, em português, indústria do espectáculo, que a presença do comentador e apresentador de programas radiofónicos e televisivos sobre desporto e música se legitimou. Começou por dizer que se assiste hoje à mudança do paradigma comunicacional, justificando esta sua posição através do argumento da descentralização dos media. Estes já não são entidades estanques ou meramente autónomas, mas elementos dinâmicos e supersónicos, convergentes também, que concorrem para a rápida e cada vez mais eficaz difusão da informação, principalmente no espaço digital, nas redes sociais, autênticos fóruns de discussão e de produção de opinião. Mais do que nunca, o indivíduo é absorvido por uma vastíssima torrente de informação, é integrado numa rede como um elemento que decide sobre a circulação e validade dos discursos implementados. Ser é comunicar, e todos nós “somos meios de comunicação”, testemunhamos, participamos, partilhamos e interagimos, num mundo onde a velocidade impera, o instantâneo e o imediato são soberanos. Transformamo-nos, realmente, em cyborgs, seres metamorfoseados que se fundem com a potencialidade da máquina, criaturas híbridas influenciadas pelas teias infinitas de uma rede global, incomensurável, convocamos a necessidade orgânica de nos multiplicar, de nos tornar extensões de algo inacabado, de sermos vários e de nos confundirmos com o outro. Esse processo de conhecimento pode começar nas redes sociais, no Facebook, por exemplo, estabelecendo “amizades”, comentando notícias, partilhando factos, ou ainda construindo uma identidade, um perfil social, que nos confere certa visibilidade nesse vasto mar, ininterrupto mar de informação e estímulos. Os media migraram para um suporte único, capaz de absorver todos os demais, o espaço do on-line, das possibilidades imensas. Aí se possa, talvez, falar de convergência dos meios num único meio. Parece ser este um caminho para o futuro, se houver dinheiro, publicidade, informação credível, modelos de negócio sustentáveis. Essa é a grande questão. Porque se o paradigma muda a economia também tem obrigatoriamente de se adaptar. Referindo-se à televisão, onde ocupa um papel destacado, Álvaro Costa acredita que são os grandes acontecimentos, os eventos que mobilizam e animam as massas, aqueles que ainda conseguem sustentar a presença dos canais generalistas. A publicidade desempenha um papel de base, actua como balão de oxigénio de algo que está na eminência de se esgotar, porquanto se não houvesse dinheiro os canais generalistas estariam condenados à falência. Mas por enquanto, a publicidade e a “guerra das audiências” parecem ainda garantir a existência do suporte televisivo. No que respeita ao entretenimento, Álvaro Costa referiu-se à “Liga dos Últimos”, programa que apresentava na RTP, já extinto. Um programa, esclareceu, sobre “cultura popular” e não sobre futebol, como muitos dos “críticos” classificavam. De futebol tinha muito pouco, sublinha. Não é fácil, confessa, gerir o amontoado de comentários que todos os dias inundam os murais das redes sociais. A liberdade de expressão é muitas vezes confundida com a liberdade do insulto e do ataque verbal, sem consistência ou legitimidade. Destacam-se os comentários mais pertinentes, relegam-se os comentários que estão entre a fronteira do impropério e da calúnia. A ponderação evoca a deontologia. A deontologia é necessária à moderação. E assim, incorporando estes princípios, se salvaguarda a liberdade de expressão nas redes digitais. Nesta nova era, considerou Álvaro Costa, o jornalista digital deve adaptar-se às novas lógicas narrativas, aos novos meios, às potencialidades que o on-line oferece, nestes tempos de mudança e de questionamento face aos paradigmas hegemónicos. Em contexto de crise, económica e de ideias, Álvaro Costa apelou a todos os presentes que nunca desistam de investir no seu próprio trabalho, nos projectos que acham exequíveis e impulsionadores, que se esforcem para alcançar os objectivos que definiram a priori. E, acima de tudo, que nunca deixem de ser criativos e inovadores.      

 

Joaquim Pinto

publicado por joaquimpinto às 22:58

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