Manuel Fernandes Silva, foi o 4º convidado da disciplina Jornalismo Especializado. O jornalista da RTP partilhou as suas experiências e a sua visão do mundo do desporto e do jornalismo desportivo.
Segundo Manuel Fernandes Silva, para se ser um bom jornalista desportivo é necessário possuir/desenvolver duas características: 1º ser um bom jornalista, respeitando o código deontológico e tudo que esse acarrenta; e 2º possuir algums conhecimentos de desporto, salientando que “não é necessário perceber tanto de futebol como o José Mourinho, ou de basquetebol como o Michael Jordan”. Ser jornalista desportivo em Portugal, é ser “um camaleão” onde tem que se adaptar ao evento que está a cobrir de forma a realizar o melhor trabalho possível. Enquanto que num jogo internacional, o jornalista possa adoptar uma posição mais “nacionalista” perante a equipa portuguesa. Numa transmissão de um jogo nacional, o jornalista seria críticado se assumisse algo para além de uma posição neutra. Outro factor que condiciona o jornalismo desportivo em Portugal, é poder dos clubes, que utilizam tudo para poderem obter lucros. Um jornalista só pode entrevistar um jogador com a autorização do clube e sob algumas condicionantes: é o clube que escolhe o local e a hora.
Num país onde o Futebol é o “desporto rei”, o jornalista opina que os clubes de outras modalidades desportivas deviam desenvolver campanhas publicitárias como, publicitar as suas iniciativas nas agências de comunicação, de forma a se auto-promoverem. Dentro dos “jogos de marketing” não há clubes que melhor os saibam jogar como os clubes de futebol. Com milhares de apoiantes e um grande poder financeiro, os grandes clubes futebolistícos não dependem só do jogo em si, mas também da atenção que tal jogo fornece. Nada é deixado ao acaso, desde os equipamentos que os jogadores vestem (onde se pode ler as marcas dos patrocionadores) até aos placares publicitários que podem ser vistos nas entrevistas aos jogadores. É uma “máquina de dinheiro” que os clubes manejam habilmente e com controlo total.
Outro assunto tratado, foi a rivalidade existente entre vários clubes de futebol portugueses e o perigo que tais rivalidades por vezes originam. Estas rivalidades advém de os portugueses não terem perspectiva do jogo pelo jogo, mas sim dos clubes que o jogam, “não são adeptos do futebol, mas sim dos clubes”. Enquanto estas rivalidades forem alimentadas, até pelos líderes dos clubes, Portugal continuará a ter adeptos do futebol perigosos e instáveis. Relembrando, algumas experiências vividas na sua profissão, sendo uma delas passada nos Jogos Olímpicos da China onde dependeu de um taxista para ser o seu tradutor/guia. O jornalista desportivo finalizou a sessão com boa disposição. Não sendo de esquecer o que ele afirmou várias vezes ao longo da sessão, “Quero que o meu trabalho seja bom, imparcial e que agrade e que a mensagem passe!”.
Lara Costa