Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

09
Jun 11

 

Na última aula de jornalismo especializado, a turma recebeu uma convidada do país vizinho: Elvira Calvo. A jornalista e docente da Universidad Complutense de Madrid, guiou-nos numa incursão por aquela que foi a transformação da informação económica em Espanha, quer como conteúdo quer como área de especialização jornalística.

 

Desde a década de 50 – época em que surgiram as primeiras crónicas económicas - aos nossos dias, a informação económica conheceu uma evolução plena de aspectos interessantes. Nos anos 60, esta é já reconhecida, academicamente, mas o verdadeiro ‘boom’ deu-se trinta anos mais tarde.

 

Os suplementos especiais, que ainda hoje acompanham as edições de vários diários generalistas, tornaram-se um fenómeno. Apesar de, inicialmente, se destinarem a empresários e investidores, a curiosidade da sociedade em geral por aquelas páginas em cor salmão cresceu, pois o interesse pelo panorama económico passou a ter um peso incontornável na vida de todos. De certa forma, foi o despertar para uma realidade que permanecia longe do horizonte de muitos. Durante a ditadura de Fraco, que persistiu no país até 1975, a informação sobre economia a que a população tinha acesso era muito limitada. No entanto, mais tarde, a classe média passou a cultivar um grande interesse pela área, aprendendo a interpretar os valores na bolsa. Conforme a informação ia ganhando terreno na imprensa, conseguiu impor o seu lugar nos meios de comunicação.

 

Em 1986, com a entrada de Espanha para a União Europeia, a população procura, cada vez mais, aproximar-se e inteirar-se do cenário económico. Na mesma década, a imprensa económica deixa de estar confinada aos suplementos especiais, e passa a ter publicações independentes, maioritariamente exclusivas a assuntos económico-financeiros. O primeiro diário económico – ‘Expansion’ – é, actualmente, o mais lido no país. Seguem-se-lhe os diários ‘5 dias’ e ‘La gaceta de los negócios’. Este último, há cerca de 5 anos, converteu-se num jornal generalista (passou a chamar-se ‘La Gaceta’), verificando-se uma certa tendência em associar-se à extrema-direita. Mais recentemente, surge o primeiro diário económico gratuito, o ‘Negócios’, cuja tiragem atinge os 100mil exemplares, prova do seu sucesso entre o público espanhol. Há ainda o ‘El Economista’, um diário novo recuperado de um projecto antigo.

 

Também na rádio, surge uma emissora, em 1994, dedicada somente a assuntos económicos: ‘Rádio Intereconomia’. O que primeiramente foi visto sem futuro, pois não se acreditava que tal tema alimentaria as audiências durante 24 horas. Na verdade, os ouvintes rapidamente cresceram, queriam ter conhecimento das notícias transmitidas e participavam nas emissões para esclarecerem as suas dúvidas. Perante tal manifestação de interesse, surge o canal ‘Economia Television’, também ele destinado à transmissão de conteúdos económicos. A economia consagrava assim o seu lugar na televisão. Contudo, a programação veio a revelar-se muito pouco democrática, transmitindo, preferencialmente, informação de direita. Em 2010, o canal passa a ser generalista. Cria-se outro canal, o ‘Intereconomia Business’.

 

Nesta mesma década, a Bloomberg instala-se na Península Ibérica, no ano de 1997. A ideia original de Michael Bloomberg (remete-nos à década de 70) de criar uma agência que transmitisse em tempo real as informações da bolsa, revelou-se um grande êxito como negócio. Fez com que os empresários se interessassem, o que originou a Bloomberg News, a Bloomberg Rádio e a Bloomberg TV. Porém, em 2007, a crise ditou o encerramento de várias dependências por todo o Mundo, restando apenas o canal inglês.

 

Ainda assim, o interesse pelos mercados financeiros não decaiu. A crise é um dos factores que sustenta esta procura. No jornalismo digital, somam-se vários portais, blogs e outras páginas na Web cujo objecto é o estado da economia.

 

No fim da sessão, outra questão relacionada foi discutida: até que ponto é que os jornalistas têm aptidões para trabalharem neste domínio? Elvira partilhou um pouco da sua experiência profissional, defendendo a importância dos profissionais da comunicação procurarem formação económica, sendo esta uma mais-valia. No seu caso o que a levou a investir nesta foi a sua ‘ignorância absoluta’ quanto ao tema. “Trabalhei muitos anos em informação cultural, que é muito bonita e muito fácil. Mas quando estava a fazer o doutoramento, descobri a economia, e que era muito bonita também. Foi fácil encontrar trabalho nesta área”.

 

Por: Ana Azevedo

 

publicado por anaclaudiaazevedo às 10:51

 

O ciclo de convidados da unidade curricular, Jornalismo Especializado, foi finalizado com a surpreendente intervenção de Elvira Calvo da Universidade Complutense de Madrid. A convidada esboçou de uma forma clara o aparecimento do jornalismo económico, a sua evolução e o panorama actual da especialidade em Espanha, acrescentando a história da incontornável Bloomberg neste meio.

 

Década de 50 a 80

Nos anos 50 a economia foi reconhecida nos EUA, as primeiras crónicas foram publicadas. Na década de 80 já é possível reconhece-la como um corpo formal da unidade económica.

            Após a ditadura de franco (1939-1975), a economia aflorou. Em 1940, a Espanha estava economicamente atrasada. Em meados da década de 80, ou seja, num período pós-franco a Espanha alcançou um elevado nível de desempenho económico. Obtemos uma evolução em paralelo, o jornalismo económico caminha lado a lado com a economia do país.

            Um contributo forte para o fenómeno generalizado, o suplemento salmão (páginas dedicadas única e exclusivamente à especialidade de economia) para se distinguir da restante informação dirigido sobretudo a empresários, economistas e directores.

            Os noticiários televisivos abrem espaço para a informação económica e fornecem dados sobre as bolsas, acções (…) que despertam interesse da classe média, mas mesmo assim com pouca audiência relativamente aos outros.

 

Década de 90

            Chega a loucura dirigida à classe média, mais propriamente a rádio Intereconomia, nascida em 1994. Uma estação dedicada à economia, 24h sob 24h. Como mencionei, inicialmente com notícias económicas e financeiras. Posteriormente, como que uma “assessora da população popular”, como referiu Elvira Calvo.

            Tempo depois de se estabelecer como rádio independente, aumentou o seu espaço neste meio adquirindo a Intereconomia Tv.

            Um canal que emitia até às 17h economia, depois lançava informação generalista. Em 2010 converteu-se noutro canal, Intereconomia business, um novo canal de economia.

 

 Formação na área da economia:

Quanto à formação, é flagrante a insuficiência por parte das Universidades em ensinar o essencial de economia, a base nesta área. Para o aluno que tem interesse em especializar-se nesta área, é  conveniente que procure posteriormente uma formação dirigida a esta especialidade.

É essencial que o aluno leia especializados para se familiarizar com a matéria porque é como aprender um novo idioma. 

 

Especializados em economia

- Expansión: primeiro diário económico espanhol

- El mundo: fundado a 23 de Outubro de 1989

- Cinco dias: com mais de vinte anos pertence ao grupo Prisa, o mesmo grupo do generalista El País

- Gaceta de los negócios: foi convertido em jornal generalista

- El economista: um produto novo, recuperado dos anos 80

- Negocios: um periódico com seis anos com a particularidade de ser gratuito.

 

Bloomberg

Michael Bloomberg fundou a Bloomberg LP com o intuito de vender informações e dados financeiros em tempo real. Inicialmente para operadores em Wall Street, mas como a ideia pioneira pegou imediatamente, algum tempo depois, para um público mais alargado. Em 1990 criou o serviço de notícias financeiras, a Bloomberg news. Em 1997, a Bloomberg na península ibérica.

            Devido à recente crise, a estação retirou as várias línguas que traduzia ficando apenas o Inglês.

 

Em 2001, os públicos tinham ao seu dispor:

- cinco jornais especializados em economia

- uma rádio 

- dois canais televisivos, Bloomberg e Intereconomia tv

 

Uma especialidade com mais espaço em Espanha do que em Portugal. Seja na rádio, seja na televisão, seja na imprensa, há sempre algum órgão de comunicação que se dedica única e exclusivamente à economia, o que não se vê em Portugal…

Será que a população portuguesa não o exige? Será que os órgãos de comunicação portugueses não conseguiram acompanhar os vizinhos Espanhóis? Será pelos escassos recursos financeiros? Será pelo desinteresse dos portugueses nesta área? Será uma área menos importante para Portugal? Será pela pouca relevância que a nossa economia têm relativamente aos outros países?

Depois da abordagem  da convidada sobre jornalismo económico em Espanha levantaram-se várias questões, não relativamente ao país vizinho, mas sim em relação a Portugal. Questões que suscitaram curiosidade e interesse em ver respondidas graças à intervenção de Elvira Calvo. 

 

Por: Carina de Barros

publicado por crnbarros às 00:54

08
Jun 11

Para a última aula do semestre, a convidada foi Elvira Calvo da Universidade Complutense de Madrid. Com um passado de trabalho na televisão, a jornalista da área da cultura, decidiu, quando confrontada com o seu desconhecimento sobre economia frequentar um curso. Considera que ‘’aprender economia é como aprender um idioma’’, tem fases e a cada etapa que passamos ficamos mais perto de perceber o que se passa com aqueles números todos. Elemento que completou a sua tese que consistiu numa comparação sobre a formação de economia dada na Venezuela, Argentina e Estados Unidos da América.

Foi numa aula falada em Espanhol que explicou aos presentes o que tem vindo a acontecer no jornalismo económico no país vizinho – Espanha.

Anos 80

Foi nesta altura em que a especialidade economia começou a ser apresentada como área de informação. Deu-se o aparecimento da cor específica do papel – o salmão para se distinguir dos restantes. Em Espanha a informação sobre economia era divulgada através de um suplemento aos domingos. Dirigido essencialmente a empresários e economicistas.

O aparecimento de investimentos por parte das familias de classes altas que começaram a comprar casas e carros fez com que fosse necessário alargar os meios de difusão da àrea.  A televisão e a rádio seguiram-se à imprensa escrita nas notícias económicas. No final dos anos oitenta nasceram os jornais dedicados inteiramente à economia.

Anos 90

Em 1994, Espanha assiste ao princípio das vinte e quatro horas dedicadas à economia. A Radio Intereconomia foi inicialmente considerada uma loucura e dotada ao fracasso. Ninguém acreditava que alguém estivesse disposto a ouvir falar de contas, juros e défices todo o dia. Contudo a rádio impôs-se e com a criação dos ‘’consultórios’’ para ao quais se ligavam para esclarecer as dúvidas as chamadas abundavam.

1994 - Com o sucesso da rádio decidiu-se avançar para compra de um canal. A Intereconomia Television transmitia as novidades da bolsa em primeira mão pois possuía ligação directa à bolsa. Às cinco horas da tarde, altura do fecho, deixava de ser especializada para ser generalista. A intenção era dar tempo de antena a debates políticos, contudo era a direita quem saia beneficiada visto que os mesmos eram realizados essencialmente com políticos da direita. (No ano passado alargou-se para o canal Intereconomia Bussiness).

Visto que eram anos em que se davam os primeiros passos na área, para ajudar e facilitar o processo foi criada a Associação dos Jornalistas de Economia.

1997 – Lemon Brothers, nome associado aos grandes bancos da América, durante a década de setenta quis criar uma agência que transmitisse em tempo real os valores, subidas e descidas da bolsa. Com o seu poderio conseguiu alastrar-se à Península Ibérica e criar a Bloomberg Tv.

Pela mesma altura o grupo de cadeias televisivas Ricoletto vende a sua parte da televisão ao grupo Intereconomia que abre a Espansion Television.

Durante algum tempo ambas competiram entre si com um canal especializado em economia durante vinte e quatro horas. Forneciam informação actual, importante e trabalhada.

Em 2007 a Bloomberg fecha todos os seus canais apenas com excepção o de Londres.

Os Jornais em Espanha

Expansion – é o jornal com maior número de tiragens de exemplares desde a sua criação até aos dias de hoje;

El Mundo – lido por todo o mundo graças à sua seriedade, o jornal disponibiliza uma edição online gratuita;

5 Dias – já há mais de vinte anos é o segundo mais lido em Espanha;

La Gazeta de los Negócios – com fama de estar associado à extrema-esquerda foi, há cinco anos, convertido num jornal de âmbito geral;

Negocios – é o número um dos gratuitos desde há seis anos;

El economicista – a actual publicação foi recuperada de um jornal originário dos anos 80;

El Confidencial – disponibiliza somente uma versão online.

De salientar que em Espanha os jornais assumem, de forma explicita, uma posição politica.

 

O Caso Português

Em Portugal o espaço dado à área é reduzido. Na imprensa escrita o jornalismo económico é reproduzido em dois jornais específicos – Jornal de Negócios e Vida Económica. É também visível nos generalizados como Jornal de Notícias, Público ou Expresso em suplementos ou páginas dedicadas para o efeito.

Dos quatro canais generalistas o tema é debatido de forma superficial nos blocos informativos e debates.

Na cabo, é disponibilizado pelas operadoras Zon, Vodafone, Meo, Optimus Clix e Cabovisão o ETV (Economia TV) que não apesar da base na economia aborda também o desporto, cultura e o mundo automóvel.

 

Por: Catarina Marinheiro

publicado por Catarina às 22:02
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02
Mai 11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paula Martinho da Silva, jornalista de longa data da RTP, participou no ciclo de convidados da unidade curricular, Jornalismo Especializado.

Uma profissional especializada numa junção de áreas pouco comuns, cruzando a economia com a moda. Uma combinação interessante que tem adquirido cada vez mais espaço no órgão de comunicação a que pertence.

 

A jornalista iniciou a sua intervenção com uma pequena abordagem ao gigantesco império Inditex. Um grupo que inclui a marca Zara, Berskha, Stradivarius (...) para chegar ao ponto fulcral de que “viver de moda é difícil em Portugal”.

Paula Silva afirmou que muitas marcas internacionais conceituadas são produzidas em Portugal, ou seja, as peças de roupa são confeccionadas em Portugal, são made in Portugal. Em várias situações, a marca internacional prefere que a peça esteja associada a made in Europa do que made in Portugal. Apesar da excelente confecção que se faz em Portugal, apenas o que é produzido passa pelas fronteiras. O nome, esse, fica cá dentro. Paula Silva partilhou com os alunos uma experiência que teve em Milão, perguntou a várias pessoas se conheciam marcas portuguesas, mas tentativa falhada, ninguém conhecia marcas de Portugal.

 

A profissional falou da dinâmica da fast fashion e a produção in the moment, conceitos inteiramente ligados ao grande império Inditex. A empresa que democratizou a Moda em todo o mundo. O maior grupo de distribuição de moda do mundo, com sede em Arteixo, a 15 quilómetros da Galiza. O complexo tem perto de um milhão de metros quadrados, com onze fábricas, um centro de logística, um centro comercial piloto e um atelier com trezentos estilistas para que haja mudança de “montras” nas lojas semanalmente, às quintas-feiras. Esta gigantesca fábrica, emprega cerca de noventa e dois mil trabalhadores, entre os quais cinco mil são portugueses. Um caso de sucesso estudado nas mais prestigiadas universidades, com um dono muito discreto (Armâncio Ortega), sem entrevistas e sem publicidade. Abriram portas, pela primeira vez, à jornalista Paula Martinho da Silva, que partilhou com os discentes, os pontos fulcrais desta empresa, onde a grande parte da produção é feita no norte de Portugal.

 

Uma globalização de moda no mundo em que Portugal está presente, como produtor por encomenda, mas que poderia ocupar o rosto da marca porque tem uma confecção de excelência, como afirma Paula Silva “os melhores escolhem Portugal”. E é esta, sem dúvida, a grande diferença entre Portugal e Espanha. De um lado, ficam as produções, Portugal. Do outro lado, ficam as marcas, Espanha. 

 

Por Carina de Barros

 

publicado por crnbarros às 17:07

31
Mai 10

As primeiras notícias de economia começaram a circular nos boletins bancários e comerciais no séc. XVII. De uma área de elites, hoje o jornalismo económico tenta chegar às diversas camadas sociais.


Taxas de juros, inflação, previsões de mercado, crises na bolsa são assuntos que têm importância na carteira dos leitores mas que maior dificuldade exige para a sua compreensão.

 

De economia falamos quando as vendas dos jornais têm vindo a diminuir nos últimos anos, juntamente com o corte de pessoal nas redacções dos nossos jornais.

 

Hoje estamos a passar por uma fase em que se fala da uma economia dos jornais. Mas fomos ver o outro lado, quando de economia se faz jornalismo.

 

 

MAIS SOBRE JORNALISMO ECONÓMICO:

 

HISTÓRIA DO JORNALISMO ECONÓMICO

 

COM A CRISE VÊM NOVOS LEITORES

 

PRÉMIO SANTANDER TOTTA PARA MELHORES TRABALHO DOS JORNALISMO ECONÓMICO

 

 

Jornais Económicos:

 

Jornal de Negócios

Diário Económico

Portugal Económico

Jornal Fiscal

 

 

Por Susana Correia e Sara Cardoso

publicado por sararncardoso às 23:50

19
Abr 10

 

 

Milhões perdidos por dia na indústria de transporte aéreo. ver vídeo

 

 

A paralisação de cerca de 83% dos voos das companhias europeias teve consequências para os passageiros, para as prórpias companhias e também para empresas que dependem das transportadoras aéreas.


As acções das companhias aéreas estão a cair hoje mais de 3%. Os cancelamentos de centenas de voos nos últimos 5 dias, devido à nuvem de cinzas libertada pelo vulcão que entrou em actividade na Islândia, está a causar o caos nas acções das companhias aéreas.  Segundo o Jornal de Negócios as acções da Britich Airways estão a cair 3,06% para os 228 euros, já a Lufthansa recua 3,34% para os 12,31 euros. A descida maior é a da Air France-KLM que desvaloriza cerca de 4% passando as suas acções a custar 11,94 euros.

 

 

 

 

 

 

 

Joana Teixeira, Sara Cardoso e Susana Correia


publicado por sararncardoso às 16:43

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