Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

08
Abr 10

 

 

Por Joana Freitas

 


Mesmo quando  a valorização de um jornal gira à volta do seu formato impresso, a utilização do on-line é uma realidade significativa. No entanto, esta não é uma simples ferramenta da "nova geração", entrou em força e bruscamente trazendo consigo exigências que envolvem mudanças (de hábitos de trabalho, mentalidades e mesmo de estrutura empresarial) e apelam ao risco de  apostar (nas novas tecnologias e consequente formação, por exemplo). A preocupação básica do formato das notícias em papel é vendê-las, pô-las cá fora o mais rápida e actualmente possível. A preocupação básica do jornalismo digital envolve mais do que isso e começa pela complexidade da própria palavra.



WebJornalismo, CiberJornalismo, Jornalismo Digital = Jornalismo de multiplataformas


A nova "era tecnológica" chegou rapidamente e em força, pronta a ser ultrapassada brevemente. Se a maior parte de nós, estudantes ou profissionais de jornalismo, ainda procura a maneira correcta de utilizar a ferramenta "web", ela própria já se tornou obsoleta. Segundo Manuel Molinos, director da redação on-line do Jornal de Notícias, "a web já não é o futuro, é o passado". As adaptações têm que continuar a ser feitas para o homem urbano e trabalhador, sempre cheio de pressa e, por isso, devem ir ao encontro dele: jornalismo mobile, adaptado às comunidades virtuais e nos Ipad's ou Iphone's é o ponto forte no uso do jornalismo digital.
A reestruturação passa por todas as fases da elaboração de uma notícia e arrasta consigo necessidades de adaptação: os consumidores "querem tudo, rápido, sempre a andar para a frente" e, sem darem por isso, "deitam" a pirâmide - exigem textos curtos, precisos e fáceis de ler no horário de trabalho, onde são eles que decidem o quanto querem absorver. Deixem de lado os leads e a estrutura dita normal de uma notícia - integração de links e imagem, som e vídeo é tudo o quanto se necessita para apreender uma notícia até onde se quer fazê-lo.
Actualmente, no decorrer diário do uso destas plataformas, a preocupação do jornalista vai muito além daquilo que deve escrever. O paradigma de Lasswell perde o seu papel preponderante, esse agora é dedicado às perguntas "para quem" (o conteúdo digital), "quando", "através de que meios", "com que rendimento?" Estes são os "valores que mais alto se levantam" numa redação on-line, e têm que ser respondidas em tempo real, para acompanharem um público exigente sem deixarem escapar a parte empresarial e financeira. Cabe não só ao proprietário de um jornal, mas ainda mais ao jornalista que lá trabalha, fazer face, de uma maneira inteligente, àquilo que a era tecnológica exige:

Para quem? - Segundo Molinos, um jornal impresso, numa mesa de café, poderá ser lido por três a quatro pessoas. Isto cria uma audiência, mas uma audiência quase indefinida. Agora as publicações on-line são especificamente feitas para um determinado público-alvo, há uma ideia efectiva do que as pessoas procuram baseada no próprio rasto que elas deixam enquanto navegam nas plataformas digitais. A preocupação gira, então, em torno de conhecer quem consome o quê e moldar a informação de um modo directo para abranger um vasto número de leitores.

Quando? - É a questão fundamental quando se quer ter a certeza de que o que se coloca nas plataformas é lido. E é, também, uma questão fácil de responder. Equiparando aos hábitos que as pessoas vão ganhando, e que "só se alteram em caso de catástofe", refere Manuel Molinos, os picos de audiência dão-se ao ínicio da manhã, à hora de almoço e ao fim da tarde.

Através de que canais? - A produção de informação, na opinião do director da redacção on-line do JN, deve fazer-se também fora da web. O mobile, por exemplo, é a aposta numa geração que oferece ao papel uma baixa de audiências. De fácil acesso, mais barato e comodamente manuseado, o jornalismo digital nas suas múltiplas vertentes é parte integrante da realidade.

Com que rendimentos? - Talvez a pergunta mais difícil de responder. Compatibilidade com os meios e gerar sites com conteúdos pagos são as ideias base. No entanto, ainda há, na minha opinião, um grande apoio financeiro da parte do jornal impresso para as redacções on-line.


 

Jornalismo digital - especializado numa especificidade geral. E o jornalista é quase um super-hero


Há posicionamento constante da parte das empresas para os novos suportes. No entanto, citando o nosso convidado "algumas empresas não dominam ainda os velhos". E referindo-nos a velhos falamos, já, na web. Factores económicos, falta de conhecimento dos utilizadores, fazer este tipo de comunicação "porque é giro", em conjunto com a falta de tempo para explorar e a vontade de andar a par e passo com a audiência, geram, muitas vezesm falta de tacto para a utilização destas ferramentas.
Se há alterações nesta nova forma de jornalismo, estas passam sem dúvida pelo papel do jornalista. Integração e convergência são palavras de ordem. Acabou o jornalista de papel/jornal/tv/rádio e net, para existir "o" jornalista que tem que "saber de tudo um pouco, ter competências para tudo, dominar a linguagem e as plataformas". Dominar bem uma coisa e saber mexer bem nas outras é o lema do jornalista actual. O próprio conteúdo noticioso tem que ser adequado a múltiplos meios e a notícia tem que ser pensada para o papel, a web grátis, a web paga, a consola tv, as comunidades, o Ipad.
Encarando os factos, cinjamo-nos às evidências: quem manda e desmanda é a tecnologia. Ela altera a eterna forma de fazer jornalismo, reestrutura a própria organização e hierarquia da empresa, necessita de formação. Traz uma adaptação e readaptação constantes da realidade, mesmo quando há a resistência de pensar na forma tradicional quando o meio não o é.

Distinguindo-se, e não eliminando, o formato impresso, o jornalismo digital, imediato e irreflectido, pensa além da competência jornalística. Os pormenores importam. Este e todos os pontos que abordamos retomam a questão inicial de "qual o princípio básico do jornalismo digital?". São variados e em permanente mudança. Há sempre o desejo constante de agradar às audiências e a rede tem como objectivo levar as pessoas a outros sítios, mantendo sempre um de referência. De preferência aquele onde trabalhamos. E, em contraste com o frenesim de se manter a par com o "novo", há sempre o risco de que "se fizer sol, há menos visitas".

 

 

 

Joana Freitas

publicado por jornalismoespecializado_jo às 09:07

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