Manuel Fernandes Silva
Manuel Fernandes Silva apresentador do Programa televisivo da RTP Pontapé de Saída, esteve presente na aula de jornalismo especializado para falar de Jornalismo Desportivo.
O jornalista considera que para exercer a área, quer seja em televisão, rádio ou jornal, não é necessário ter um conhecimento profundo e absoluto sobre o desporto. Requer, sim, conhecimentos específicos, especializados na modalidade sobre a qual se trabalha. Não é obrigatório, nem concebível um jornalista dominar todos os desportos praticados pelo mundo fora.
Ética Jornalística versus Emoção
Manuel Fernandes Silva considera que no desporto profissionalismo e sentimentos são indissociáveis. A racionalidade é, por vezes, esquecida e a carga emotiva despoleta. Para um jornalista que ‘’fala, escreve, ouve e analisa futebol’’, distanciamento é um factor difícil de manter constantemente. Contudo, é no jornalismo desportivo que a isenção atinge a exigência máxima. A imparcialidade é esperada por superiores e até pelo público que espera obter informação perceber a opinião vigente. Hoje, nos meios de comunicação democratizados, qualquer um tem uma opinião, assim como a possibilidade de a expressar. Como se usa na área, – ‘’treinadores de bancada’’. Se o jornalista perde, por momentos a racionalidade e acede ao cariz sentimental do trabalho poderá haver confronto de opiniões entre o profissional e o receptor.
Na rádio, a narração de um jogo de futebol não consegue ser cem por cento profissional. O primeiro impacto, a primeira impressão é a forma como o jornalista narra - com emoção, ansiedade, raiva, agitação ou até tristeza. Exemplo do fenómeno é Jorge Perestelo que impôs o seu cunho pessoal nas narrações que fez. Quem não conhece a mítica ‘’ ripa na rapaqueca’’?
Sobre a narração, Manuel Fernandes Silva considera ser mais que um momento meramente jornalístico/informativo. Quem ouve o relato futebolístico através da rádio procura a sensação de estar no estádio, daí ser de extrema importância os sons. Para tal existe o ‘’repórter de pista’’, aquele que se posiciona na zona lateral envolvente ao estádio, de forma a ser perceptível aos ouvintes perceber o que se passa nas bancadas. Cada jogo é um turbilhão de emoções e a adjectivação, impensável na prática de outros registos jornalísticos, é o normal e necessário, quase obrigatório, na escrita desportiva. ‘’ (…) No primeiro, Ozil cruzou de forma perfeita para a área (..)’’ escreveu o Jornal de Notícias sobre o jogo Barcelona-Getafe. ‘’Salomon Rondón, o artilheiro do Málaga’’ é o título de uma reportagem publicada no Record.
Audiências, Futebol e Outras Modalidades
De 2005 a 2010 são os jogos nacionais ou internacionais de futebol, os programas mais vistos, líderes de audiências. Com um máximo de 3.800 espectadores no jogo Chelsa-Porto em 2007. O país pára para ver futebol e enquanto assim for as televisões continuarão com as transmissões. Por enquanto, as restantes modalidades desportivas não dispõem de tamanha exposição. ‘’Devem tentar criar um caminho de divulgação. Apostar nas estratégias de comunicação que devem ser trabalhadas, assim como eventos de divulgação’’ refere Manuel Fernandes Silva. É o que tem tentado fazer o Estoril Open que começa a ser uma referência mundial, com a participação dos melhores jogadores e patrocinadores, uma grande aposta na divulgação e um site com actualização permanente.
A Publicidade no Desporto
O futebol é hoje em dia um negócio extremamente rentável. A publicidade estática que encontramos nas laterais do relvado do campo é proveitosa. Gera lucro consoante o período de tempo que surge na imagem do televisor. A empresa que publicita assegura a supervisão.
Podemos ainda encontrar publicidade nas conferências de imprensa, flash-interviews, e naturalmente, nos equipamentos dos jogadores.
Assessores como Bloqueadores
É o assessor que controla toda a comunicação interna e externa do clube. Assim sendo, qualquer tipo de decisão deverá passar por ele: enrevistas, reportagens, sessões fotográficas. Também é ele quem controla também o acesso dos jornalistas à informação. Este não escolhe com quem fala, quando nem onde. Nestes momentos, confidenciou Manuel Fernandes Silva, o jornalista deve ''desenrrascar-se''. Se o acesso aos intervinientes principais é vedado, deve procurar outros meios, outros testemunhos para recolher.