Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

26
Mai 11

Jornalismo Especializado

 

“O que seria do azul se todos gostassem do amarelo”

Esta expressão mostra que o engraçado da vida está na diferença. E no Jornalismo isto pode ser observado através do Jornalismo Especializado.

Chama-se “Especializado” o jornalismo voltado para públicos específicos, isto é, quando se dirige a públicos unidos por interesses comuns. É a abordagem aprofundada e especifica de temas e, por isso, deve ser realizado por jornalistas com bagagem e experiência do assunto. Os vários cadernos que integram os jornais clássicos, especialmente aos domingos, enquadram-se bem na definição de Jornalismo Especializado. Eles se dirigem a públicos específicos como, por exemplo, os apreciadores de Informática (Caderno de Informática), etc.

Dentre as áreas do jornalismo especializado, estão: Jornalismo Político, Jornalismo Económico, Jornalismo Desportivo, Jornalismo Cultural, Jornalismo Cientifico (também chamado de Ciência e Tecnologia), Jornalismo Social, Jornalismo Sindical, Jornalismo Ambiental, Jornalismo Policial, Jornalismo de Variedades, Jornalismo Literário, Jornalismo especializado em Educação, Jornalismo especializado em Saúde.

A reportagem que se segue abaixo, insere-se no Jornalismo Social.

 

 

Amigos de Quatro Patas

 

O abandono de animais, em especial os animais domésticos como cães e gatos, é um problema que afecta cada vez mais os grandes centros urbanos.

 

Em Portugal mais de 12000 animais são abandonados anualmente. Muitos encontram a morte nos canis camarários e outros acabam por morrer à fome ou nas estradas, enquanto vagueiam pelas ruas em busca de alimentos e de abrigo. Os mais afortunados, que são poucos, são adoptados por uma ou outra pessoa.

Alguns dos Municípios estão a tentar melhorar as condições para os animais. Já está em funcionamento o Centro de Reabilitação Animal que substitui o antigo Canil Municipal de Vila Nova de Gaia. Tem capacidade para 76 cães ou gatos e dispõe de condições mais dignas para acolher animais abandonados, num espaço amplo de 1000 m2 dividido em 38 celas. Dispõe ainda de uma clínica veterinária e de uma sala de cirurgias, que são geridas pelo Parque Biológico.

 


Segundo António Pérez, veterinário do Centro de Reabilitação Animal, são nos meses de Junho, Julho e Agosto que chegam mais cães e gatos ao Centro. Mas, muito poucos são entregues e depois, devolvidos, “em média, em dez animais adoptados, três são devolvidos”.

 

 

 

Bem há pouco tempo assistiu-se a uma polémica que envolvia o Canil Municipal de Évora: enviavam animais, saudáveis, que permaneciam no canil os oito dias, prazo a partir do qual a lei define que passam a ser "propriedade" da autarquia. Esterilizações, castrações, simulações de cesarianas e anestesias foram as práticas que ficaram sujeitos os animais saudáveis para servirem de "cobaias" a alunos do curso de Medicina Veterinária. Depois, eram abatidos. Esta denúncia foi feita por ex-alunos e alunos que pediram o anonimato.

À questão colocada sobre a utilização de animais, aparentemente saudáveis, do Centro de Reabilitação Animal para experiências em Universidades, tal como aconteceu em Évora, António Pérez afirma “não concordar com essa utilização ilegal dos animais” e salienta, ainda, que “o Centro não dispõe animais, pois o objectivo principal é acolhê-los e sensibilizar as pessoas a não abandonar os animais”. “Só são entregues animais quando adoptados”, conclui. O veterinário acrescenta que “os animais do Centro são muito bem tratados”, apesar da visão negativa que várias pessoas têm acerca de um canil. Há sete funcionários a trabalhar no Centro para garantir os alimentos e os cuidados essenciais aos animais, “aos feriados e domingos há um ou dois funcionários, que se deslocam ao Centro, de forma rotativa, durante seis horas do dia, pois as celas dos animais têm de ser limpas todos os dias”, afirma. É a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia que assegura os funcionários e não aceita ajudas de pessoas, nem de voluntários, nem de pessoas que queiram dar alimentos, “não necessitámos de ajudas financeiras nem de voluntários, a única forma que há de ajudar o Centro é adoptar um animal e tratá-lo bem”. “Os voluntários seria mais uma despesa para o município, uma vez que podem escorregar e cair e é necessário seguro”, acrescenta.

Para reforçar a ideia de que o Centro é um local digno para os animais, António Pérez fala de uma campanha de Sensibilização para a Adopção de Animais, realizada todos os anos no parque de estacionamento do Centro Comercial – Gaiashopping -, que de alguma forma “leva as pessoas a adoptar os animais e, também libertar espaço para outros animais que vão chegando”. Este ano, o veterinário acredita que “a campanha deve ser realizada no Centro porque tem boas condições”.

Questionado sobre a forma de capturar animais, o veterinário diz ser “essencial haver canis ou centros, porque os cães abandonados podem transmitir doenças e prejudicar a Saúde Pública”.

Os animais que andam na rua sem o dono, também estão sujeitos a serem capturados, mas isso “já é da responsabilidade do dono e caso aconteça, ele se quiser reaver o cão terá de pagar a captura, que são cerca de 50€, além da estadia do animal, que fica por 13€ ao dia”.

O veterinário adianta que “qualquer pessoa pode adoptar um animal, seja ele cão ou gato”, apenas paga a despesa da vacinação e da chipagem se for cão, porque é obrigatório, mas se for gato não é necessário. “O abate é evitado ao máximo aqui no Centro”. Um cão que entra num Canil Municipal, recolhido na rua tem uma esperança de vida de oito dias. É o tempo legal para ser reclamado. Findo este prazo o canil pode a abatê-lo. António Pérez diz que “no Centro só se abate um cão passado os oito dias se esse se encontrar muito doente ou quando, o cão já está há muito tempo na cela e é necessário espaço para outros que chegam com melhores condições de ser adoptados, mas é muito raro, porque as campanhas servem precisamente para libertar o espaço e, normalmente são bem-sucedidas”.

 

 

“O abandono de um animal é um acto cruel e degradante”. É o que diz o artigo 5º da Declaração Universal dos direitos do Animal. E com as férias de Verão, o número de animais abandonados sobe exponencialmente, apesar de ser uma realidade silenciosa durante o ano. A tendência de subida começou a esboçar-se em 2006 e não parou mais. Todos os canis estão cheios de animais abandonados, não havendo espaço para todos os cães que chegam. As crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este tipo de abandonos. O número crescente de cães de raça pura entre aqueles que são deitados para a rua é uma das novidades desta nova vaga. O sangue azul já não os salva. Talvez porque a manutenção destes animais é habitualmente mais dispendiosa do que a de um rafeiro.

Quando abandonados, os animais sofrem todo o género de maus tratos ficando igualmente sujeitos a contrair doenças. Para além do sofrimento infligido ao animal, o abandono é, portanto um risco para a saúde pública.

 

 

 

Por outro lado …

São muitos dos animais que são abandonados na altura das férias de Verão, ou até colocados no lixo, ainda vivos.

Bruno Ferreira, habitante numa pequena freguesia de Vila Nova de Gaia, Crestuma, acolheu uma gatinha com apenas um dia de vida em Agosto. Alimentou-a, tal como se fosse uma criança, de biberão, e de três em três horas, hoje a Mia é uma gata de cinco meses, “gorda e alegre”, é assim que o dono a descreve.

Bruno afirma que “ter um animal em casa dá muito trabalho porque é preciso cuidados permanentes” e ainda, diz que “os animais são como as crianças, precisam de ir ao médico, adoecem, precisam de limpeza de muito carinho e claro, também precisam de cuidados e isso requer gastos. Os animais crescem e o problema é que para muita gente, eles só são bonitos enquanto são pequeninos”.

 

 

Por: Joana Silva
publicado por joanassilva78 às 19:10

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