Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

23
Mai 11

Broadcast News é um filme de 1987, cujo argumento e realização se devem a James L. Brooks e que conta com William Hurt como intérprete da personagem principal (Tom Grunick). O filme consiste numa comédia romântica que relata as histórias profissionais e amorosas do trio formado por Jane Craig, uma produtora televisiva, Aaron Altman, um repórter, e Tom Grunick, um “pivot âncora” de telejornal. Broadcast News descreve o estilo de vida dos profissionais da televisão e as relações entre estes, literalmente, “nos bastidores das notícias”. Relata a história de três personagens com personalidades, atributos e objectivos bastante distintos, que trabalham juntos na mesma estação de televisão em Washington. 

 

                                            

 

 

 

publicado por líciacunha às 19:20

Broadcast News – A História

De 1987, Broadcast News é um filme sobre o que acontece num canal televisivo, essencialmente sobre as pessoas que lá trabalham. Com um toque de sátira e boa disposição, o realizador James L. Brook mostra como as relações pessoais se envolvem com o trabalho e como um estúdio televisivo pode ser um local de emoções à flor da pele.

É no Washington Network News que trabalham Jane Craig (Holly Hunter), Aaron Altman (Albert Books) e Tom Grunick (William Hurt) as três personagens centrais da história.

Tom ainda em criança revela ter problemas de aprendizagem e durante o percurso escolar as dificuldades continuarão. Por outro lado Jane revela um espírito maduro e um dom para com as palavras. Numa fase adulta, a vida de ambos cruzar-se-á no canal televisivo. Jane é editora e tem como melhor amigo Aaron, um jornalista que escreve de forma sublime e cujo objectivo é ser pivô no canal. Sem que Jane saiba é apaixonado por ela.

A relação de ambos é abalada com a presença de Tom, que desde logo desabafa com Jane e revela que se sente intelectualmente inferior visto não ter prosseguido com os estudos e entrado na Universidade. Contudo é movido pela ambição e aceita um cargo de pivô no Washington Network News, acção que Jane condena visto achar que o jornalismo é uma profissão demasiado nobre e delicada para que alguém com as limitações de Tom.

Enquanto o filme revela a agitação e stress típico da régie e até como se construía um génerico na altura, mostra também que todos os pormenores são importantes e nada pode falhar como podemos observar nas frases da equipa ‘’Isto vai estar pronto! Em 84 segundos?! É impossível!’’

No momento em que Tom é chamado a fazer um directo inesperado, Jane, relutante tenta impedir. Não só porque Tom não é experiente o suficiente mas também porque deixaram de fora o seu colega Aaron. Com o pedido ignorado, Jane recorre ao ‘’plano B’’ certificando-se que terá contacto permanente com Tom no estúdio, para poder orientá-lo. O momento corre bem e a dupla consegue impressionar. Ambos aproximam-se e a pouco e pouco iniciam uma relação recebida com tristeza por Aaron.

A situação económica do canal não é favorável e é pedido um corte nas despesas de 24 milhões de dólares. No dia da reunião da decisão final Aaron, sentindo-se desaproveitado no canal demite-se. Jane é promovida a editora chefe e Tom, consegue um lugar na delegação de Londres. Jane, apaixonada, tenciona viajar de férias com o apaixonado quando descobre que uma   reportagem de Tom – mulheres que são violadas no primeiro encontro, é fraudulenta. Com a indicação de Aaron revê as imagens em bruto das filmagens e descobre que o jornalista simulou que chorava durante o testemunho da entrevistada. ‘’ É incrível. Tu cometeste esta inacreditável falha de ética e ages como se não fosse nada de especial’’ diz Jane enraivecida com a atitude de Tom. 

As três personagens separam-se, seguem caminhos diferentes mas encontram-se sete anos depois aquando duma palestra de Tom.

Jane Craig – desde pequena revelou o seu espírito irreverente e criativo. Independente, tem uma relação de amizade com Aaron, com quem partilha os momentos da sua vida. Apesar de aparentar estar sempre bem-disposta e disponível para trabalhar, Jane tem momentos de fraqueza no que diz respeito à sua vida pessoal. É comum, durante o filme, chorar.

Aaron Altman – Apaixonado pela colega e amiga Jane, o jornalista é reconhecido no canal pela sua escrita e empenho nas reportagens que realiza. Assombra-o ver Tom no lugar que sempre desejou e ter conquistado Jane. No dia em que finalmente consegue o seu momento como pivô, Aaron sua desenfreadamente. Contudo teve a sua oportunidade e isso deixou-o feliz.

Tom Grunick – Intelectualmente inferior, como o próprio afirma, cria uma carreira com base em enganos. Ambicioso, conseguiu o sucesso e reconhecimento de forma fácil. Inicialmente relacionou-se com Jane pelas suas competências profissionais, esperando puder aprender com ela.

 

Broadcast News – Visão crítica

Foram vários os prémios ganhos pelo filme realizado numa época em que os meios de produção eram escassos. Broadcast News conseguiu, na minha opinião, ser realista e directo.

O aspecto financeiro, o alvoroço de um canal de televisão, as notícias de última hora, a ambição, a realização e frustração profissional assim como problemas pessoais, estão lá.

O tom divertido predomina ao longo do filme. Nos discursos, nos momentos da régie, em pequenos actos das restantes personagens destaco os dos amigos Jane e Aaron. São bem-dispostos, ricos em expressões e momentos em que os dois adultos parecem dois jovens com as ilusões e dúvidas naturais da idade.

As personalidades dos três colegas são tão distintas e mesmo tempo ricas em pormenores que criam momentos fantásticos. Jane, que personifica uma mulher com a carreira que sempre quis é baixa, quando caminha dá saltos como uma criança. Criou uma ligação especial com Aaron mas não se apercebe que é apaixonado por ela. Nota-se que em questões amorosas, é ingénua e frágil contrastando com a sua ‘’versão’’ rígida e empenhada no canal. Aaron é o típico melhor amigo, que nos filmes esconde os seus sentimentos. Revela a sua bondade e amizade para com Jane mesmo quando Tom começa a ser reconhecido. É ele quem deprimido, em casa, durante o directo de Tom liga para Jane com indicações sobre o assunto.

Tom, é para mim, o ‘’fanfarrão’’ da história. Inicialmente com uma postura hesitante diz que espera aprender quando no fundo quer é alcançar o sucesso nem que para isso tenha de cometer algumas irregularidades pelo caminho.

Apesar de ser sobre o canal, o filme destaca várias vezes a importância da régie. São muitos os planos que parecem transportar-nos para lá. Os botões, as cassetes, o estúdio, a edição das imagens. Aliás, alguns dos aspectos mais importantes do filme acontecem lá.

Agrada-me o final do filme e agrada-me que não tenha o típico final feliz. Jane não aceitou ficar com alguém como Tom que revelou ser desonesto para com o trabalho e as pessoas que vêem no pivô alguém de confiança. Quando se encontram, sete anos depois, são pessoas resolvidas, com vidas construídas. Jane namora, Aaron é casado e tem um filho e Tom está noivo.

 

Broadcast News – Tom Grunick e a Ética Jornalística

Para a correcta prática do jornalismo, todos os jornalistas devem ter consciência que é necessário exercer a profissão de forma ética e deontológica. No código deontológico português (1993) encontramos os seguintes parâmetros:

‘’1-O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade (…)’’; ‘’5-O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas (…)’’

Tom enquanto entrevistava a mulher vítima de violações, tinha uma só câmara direccionada para ela. No decorrer da conversa acharam conveniente ele ter lágrimas nos olhos e Tom, num acto de interesse, com a câmara a filmá-lo simula que chora, desrespeitando a profissão, os valores que se impõem e a confiança dos espectadores.

Mais tarde, quando confrontando com a verdade, Jane alerta-o que pode ser despedido por atitudes como aquelas ao que ele argumenta que foi promovido por momentos como aquele.

 

Por: Catarina Marinheiro

 

publicado por Catarina às 12:12

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