Blog de Jornalismo Especializado, Universidade Lusófona Porto

12
Mai 12

Por: Patrícia Alves

 

 O jornalismo de investigação em Portugal, vem se destacando nos últimos anos, onde atuam jornalistas combativos, que buscam a construção de uma sociedade mais justa.

 

O jornalismo investigativo distingue-se dos demais géneros jornalísticos por divulgar informações sobre condutas que afetam o interesse público. As denúncias resultam desse trabalho. O objetivo final da investigação jornalística é informar o público das irregularidades públicas ou privadas, politicas, económicas e sociais. Em Portugal os jornais que mais se destacaram neste nincho foi o extinto “Semanário o Independente”, o “Semanário Expresso” e o “Semanário o Sol”.

 

A regulação da comunicação social em Portugal está prevista no artigo 39º da Constituição da República Portuguesa. A Lei nº1/99 de 13 de Janeiro é a Lei fundamental para o exercício da profissão de jornalista em Portugal. A Lei de imprensa é regulamentada pela Lei nº2/99 de 13 de Janeiro.

 

Jornalistas há mais de 20 anos em Portugal na especialidade de investigação, Felícia Cabrita e Miguel Carvalho, nestas entrevistas falam dos casos que já investigaram, da sua responsabilidade social, das suas fontes jornalísticas e dos processos judiciais que existiram contra eles, envolvidos por parte do poder político em Portugal.

 

Eles fazem uma reflexão de como está o jornalismo de investigação em Portugal, diante de uma luta constante contra o poder político, judiciário e também uma grande preocupação com a formação dos jornalistas que terminaram o curso nestes últimos anos.

 As entrevistas foram decorridas no Porto, nos meses de Março e Abril de 2012.

 

Jornalista Felícia Cabrita

 

 

Felícia Cabrita é Escritora e Jornalista do Semanário SOL, tendo trabalhado em vários órgãos de comunicação social, como o jornal Expresso, a revista Grande Reportagem e a estação de televisão SIC. A jornalista Felícia Cabrita é autora da obra “Amores de Salazar” e “Massacres em África”.

Tornou-se muito conhecida, por ter sido a primeira pessoa a denunciar, através do jornalismo de investigação, grandes escândalos nacionais, como o Ballet Rose, o caso Casa Pia, caso Freeport, caso Face Oculta e o caso Duarte Lima no Brasil.

 

 

Jornalista Miguel Carvalho

 

Miguel Carvalho é Escritor, Redator e grande Repórter da Revista Visão. Tendo trabalhado no jornal Diário de Notícias e no Semanário “O Independente”. Já investigou casos de peso a exemplo da Universidade Portucalense e Lúcio Tomé Feteira. Em 2009 ganhou o prémio Gazeta do Clube dos Jornalistas, com a investigação e reportagem sobre Joaquim Ferreira Torres: “ O Segredo do Barro Branco”. 

 

“A liberdade de expressão e o poder judiciário”

É um conceito basilar nas democracias modernas na qual a censura não tem poder nenhum. Está previsto também no artigo10º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

 

O primeiro ponto da nossa entrevista, digamos que é propriamente o pano de fundo da comunicação social, foi saber de que maneira eles veem o jornalismo de investigação em Portugal e se existe realmente uma manipulação por parte do poder politico ou liberdade de expressão.

 

Felícia afirma com a seguinte frase:Está mal. Muito Mal! O mundo é mau e eu trabalho com o lado obscuro da sociedade”. O poder económico, os patrões da comunicação social estão cada vez mais aliados ao poder político, precisamente por não terem dinheiro e agora com a crise, pior. E até que ponto se vai conseguir esta independência fundamental de uma democracia que é a comunicação?”. Questiona.

 

Segundo Felícia, o antigo governo, nomeadamente o ex-primeiro ministro, José Sócrates, tentou colocar travões numa série de órgãos da comunicação social em Portugal que lhe traziam aborrecimento. A comunicação estava muito moribunda.

 

Felícia acredita que houve um rompimento no tecido da comunicação social, principalmente por parte dos alunos que entraram e saíram das universidades durante este período, neste último regime.

 

As afirmações se dividem quanto a quem começou a instituir o controlo da comunicação social em Portugal. Para Miguel Carvalho, tudo isto começou com o governo do Santana Lopes, ex- primeiro ministro que antecedeu José Sócrates.

 

Uma das suas principais preocupações quando o Santana Lopes montou o seu gabinete, foi escolher pessoas que de alguma maneira pudessem filtrar o mais que pudessem com tudo o que tivesse a ver com a comunicação e criar uma espécie de gabinete de manipulação”. Afirmou Miguel.

 

A Liberdade de expressão está intrinsecamente ligada ao poder judiciário e isto é muito preocupante. Em Portugal, enquanto os diretores da polícia, enquanto o Procurador-Geral da República forem escolhidos pelo poder político, obviamente, que temos também um sistema judicial viciante. É aquilo que tem acontecido quer em relação ao “Freeport”, quer em relação à “Cova da Beira”, quer em relação ao “Face Oculta”. Explica Felícia.

 

“Responsabilidade social e as fontes”

Na hierarquia do poder de uma sociedade, a comunicação social é o 4º poder. A função da midia é vigiar o Estado para que ele não desvie de seus propósitos originais, principalmente viabilizando o intercâmbio de informações.

 

Em 1942 é formulada a comissão pela Liberdade de Imprensa, nos Estados Unidos, a Teoria da Responsabilidade social da Imprensa (TRSI). A plataforma propôs uma agenda para a imprensa visando um sistema de jornalismo ético, à medida que estabelecia como principio central que os jornalistas estariam obrigados a serem responsáveis com o seu público.

 

A ideia permanece atual. Em 2003, os jornalistas americanos Bill Kovach e Tom Rosenstiel, através de um estudo sistemático e abrangente sobre o processo de recolher e apurar informação e as suas responsabilidades, reafirmaram que o princípio mais importante do jornalismo, é o compromisso com a verdade, pois o público necessita de informação ética, democrática e verdadeira para a sua própria independência.

 

No que diz respeito à “Responsabilidade social e às fontes” quando encontram um dado que pode ser denunciado, Felícia explica que “é preciso um grande trabalho, as pessoas agem por motivações, é preciso checar muito bem essa fonte e analisar processos jurídicos. Nunca se deve deitar nada para o lixo. O jornalista tem uma grande obrigação social e pública que é de fato a denúncia, mas faze-lo com liberdade, sempre na expectativa da verdade.

 

Miguel afirma: Eu não entendo essa profissão de outra maneira, sem responsabilidade social. O jornalismo no dia em que deixar de ter responsabilidade social, não é jornalismo”. Quanto às fontes: “ tomo nota de telefone até em guardanapo. Eu aprendi desde muito cedo nesta profissão, que não se trai uma fonte em qualquer circunstância, e sou muito fiel a isso.

 

Os jornalistas, Felícia e Miguel, sentem-se orgulhosos por serem jornalistas. O que, segundo Felícia, sente falta, é de diretores independentes, diretores com passado, com percurso, com independência. Corajosos. E as escolhas hoje são muito políticas e, é fácil analisar, olhando para as direções dos jornais e das televisões.

Miguel Carvalho, considera-se feliz, porque nunca quis fazer outra coisa que não fosse o jornalismo. Ele afirma que, se for preciso, trabalha até de graça.

 

LEIA A ENTREVISTA NA INTEGRA

 

 

publicado por patriciaalves às 20:26

13
Abr 12

O filme de Geoge Clooney relata o confronto entre os media e o Estado face ao poder da informação na década de 50, durante a Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos da América à União Soviética. Apesar de se situar temporalmente neste período histórico, o filme retrata realidades actuais e denuncia valores e interesses que ainda hoje movem televisões.

 

Na história, o apresentador televisivo Edward Murrow usa o seu programa para transmitir  opiniões e difundir os seus ideais comunistas. O apresentador afirma, no início do filme, que  «A nossa História será aquilo que fizermos dela», colocando em causa a liderança mundial dos Estados Unidos da América e rompendo com os valores adquiridos e não questionados pelo resignado povo americano. Desta forma, Murrow enfrenta o poder político, representado no filme na figura do senador Joseph McCarthy. O filme confronta o espectador com a fragilidade da História que, para a classe política representada, tem dois lados igualmente válidos. O jornalismo enfrenta pressões diversas, mas as pressões políticas têm peso para modificar verdades e factos, quer pela omissão, quer pela censura opinativa e analítica.

 

Por outro lado, os constrangimentos financeiros levam o canal televisivo CBS a impor a autocensura. Este tipo de constrangimentos são representados em Boa Noite e Boa Sorte pela empresa Alcoa, patrocinadora do canal que, no final do filme, retira o patrocínio. Ilustram-se, assim, as barreiras colocadas aos jornalistas no exercício da sua profissão: o contorno de alguns factos e a selecção das declarações exibidas garantem uma mensagem aparentemente clara e inócua mas questionável e tendenciosa.

 

Murray mantinha-se fiel às convicções e surge como um fósforo no filme, revelando contradições de McCarthy e acendendo uma discussão, ignorando pressões externas e internas. O próprio director de programas, adepto de jornalismo conservador, afirma que «Todos nós fazemos censura», numa tentativa de desmotivar o espírito irreverente e inconformista do jornalista.

 

No final do filme, Murray discursa sobre a utilidade da televisão e afirma que  «A televisão pode ensinar», não devendo ser encarada apenas como uma fonte de entretenimento, mas também como um meio de comunicação capaz de tornar os seus espectadores cidadãos informados e conscientes da realidade e incentivá-los à luta pela verdade e ao confronto com o poder económico e político que rege tudo à sua volta.

publicado por jessicasantos às 13:08

12
Abr 12

O filme “State of play” retrata o processo de investigação jornalística numa redação Americana, sobre dois casos que inesperadamente interligam-se.

A história inicia-se com o homicídio de um jovem drogado e com o coma de outro, aparentemente reversível. Na manha seguinte, o jornalista Cal McAffrey, o famoso jornalista de investigação, vai ao local do crime recolher informações devido a ajuda da sua fonte, o detective Donald Bell.

Paralelamente, decorre outro caso, a morte de Sonia Baker, assistente de Stephen Collins, membro ativo de uma comissão de investigação do Congresso aos Negócios e Actividades de uma empresa de segurança privada, a PointCorp.

 Stephen Collins recebe a notícia quando se encontra numa audiência e fica claramente devastado, o que faz com que os media especulem e afirmem que os dois eram amantes. Cal McAffrey, era amigo de longa data de Stephen e acredita que este está a ser alvo de uma manobra de desacreditação por parte da empresa de segurança privada e começa a sua investigação. Della Frye, uma ambiciosa jornalista política, redige no espaço online do jornal, e tenta encontrar a ligação entre o homicídio do jovem drogado e o suposto suicídio de Sonia Baker, com a ajuda do jornalista Cal McAffrey.

O filme termina com o jornalista a redigir a reportagem, com o elenco da sua redação no seu redor, aguardando o resultado final.

O filme retratado está inteiramente relacionado com os conceitos principais do Jornalismo, como por exemplo, as rotinas do Jornalismo de investigação, a proteção das fontes, a manipulação da informação, os valores notícia, o agenda setting, o news making, a relação entre o jornalismo e o poder político e a relação entre os jornalista e a organização para a qual trabalha.

Assim, o principal foco é o Jornalismo de investigação, que requer tempo para retratar um assunto, com interesse para os leitores, com o máximo de pormenores, procurando levar os leitores para o local do acontecimento. Para isso deve recolher as informações in loco e relacionar-se com as fontes, de forma profissional. O jornalista deve sempre proteger as fontes e reproduzir com fidelidade o que foi contado, para não prejudicar ninguém.

Um dos fatores importantes para a realização de um bom trabalho é a relação existente entre os jornalistas e a organização para a qual trabalham, na medida em que todos os trabalhos são realizados com um propósito, financeiro, de vendas. Porém, como o filme reporta, o mais importante não é ser diretor ou chefe, mas sim desempenhar as suas funções da melhor forma possível e manter uma boa relação com os colegas.

Em suma os jornalistas, neste caso de investigação, deparam-se com situações inesperadas que tem que ser analisadas com bastante cuidado, para proteção das suas fontes e de todas as pessoas envolvidas no caso.

 

Francisca Gonçalves

publicado por inesousalmeida às 20:38

 

 Ligação Perigosas (State of Play) é um filme norte-americano realizado por Kevin Macdonald. Este drama policial retrata a jornada de um jornalista, Cal McCafrrey (Russel Crowe), num jornal, o Washington Globe. A película centra-se num caso que envolve uma empresa militar privada, PointCorp, o governo norte-americano e em especial, um velho amigo do jornalista, o senador, Stephen Collins (Ben Affleck).

Eliminando qualquer laço na relação de amizade que existia entre os dois, o jornalista é obrigado a optar pela ética e integridade profissional, para investigar a fundo o amigo/senador que põe em risco a reputação do governo norte-americano. O senador é também preso, com a ajuda de Cal McCafrrey.

Esta história complexa, representa as complicações a nível político que tanto se fazem sentir em todo o mundo. O filme ajuda a compreender que essas dificuldades nem sempre estão á vista da sociedade, estão é a ser abafadas pelo governo para não prejudicar o seu cargo e os privilégios. Este thriller demonstra também o esforço do jornalismo para desvendar a verdade, visto que faz parte do interesse público. Enquanto confrontados com obstáculos éticos, o filme mostra todas as decisões tomadas pelos jornalistas e sua jornada, na íntegra.

O filme tem também uma ligação com alguns elementos da teoria do jornalismo que se destacam na película como, as fontes oficiais e oficiosas, os valores-notícia e o jornalismo de investigação e os seus componentes. É de salientar a relação complexa do poder político com o jornalismo, porque tem o poder de influenciar, condicionar e decidir.

Esta longa-metragem demonstra um lado do jornalismo muito bem desenvolvido, que é a luta que existe entre o sensacionalismo e a busca da total verdade de um acontecimento, isto é, o jornalismo de investigação.

O realizador fez questão de valorizar e relembrar à sociedade da verdadeira e antiga definição do jornalismo, juntamente com o papel árduo e corajoso dos jornalistas. Fez também sobressair o sentido de oportunidade que o jornalista pode vir a ter, se tiver coragem de arriscar em certas alturas da sua carreira.

Mas o principal ponto de atenção é o conceito do jornalismo de investigação, onde o jornalista procura mostrar à sociedade todos os elementos verdadeiros de um acontecimento, apoiando-se a 100% nas fontes e na relação que mantém com elas.

Apesar de ser uma vertente pouco explorada, o jornalismo de investigação explora acontecimentos polémicos e principalmente com teor corruptivo.

 

Inês Sousa

publicado por inesousalmeida às 20:27

17
Mai 11

State of play é um filme de 2009 realizado por Kevin Macdonald. O actor principal deste filme é Russell Crowe (Cal McAffrey) um jornalista de investigação. Ben Affleck, no papel de Stephen Collins e a actriz Rachel McAdams no papel de Della Frye são também personagens de grande relevância.

 

Resumo do Filme:

A história do filme começa por mostrar um homicídio que afecta um jovem drogado e um inocente que apenas distribuía pizas que consegue escapar à morte, tendo no entanto, sofrido graves danos físicos que o colocam em coma.

Depois deste incidente, Cal Mcaffrrey (Russell Crowe), um famoso jornalista de investigação, recolhe algumas informações no local do crime junto do detective Donald Bell (Henry Lennix).

Paralelamente somos transportados até ao Capitólio onde Stephen Collins (Bem Affleck), membro activo de uma comissão de investigação do congresso aos negócios e actividades de uma empresa de segurança privada que é responsável por alguns trabalhos de segurança nos vários cenários de guerra, é informado pelos seus assistentes políticos sobre a trágica morte da sua assistente de investigação e amante, Sonia Baker (Maria Thayer).

Cal McAffrey e Della Frye (Rachel McAdams), uma ambiciosa jornalista política, vão juntando todos os factos e provas até obterem alguns indícios que ligam o homicídio do jovem drogado ao aparente suicídio de Sónia, ligação essa que poderá estar relacionada com uma grande conspiração política que liga o Governo e o Exercito à PointCorp, a empresa de segurança privada.

 

Critica:

State of Play retrata a actividade dos jornalistas de investigação.

As dificuldades que encontram pelo caminho, a questão das fontes de informação, da ética dos jornalistas, o embate entre o jornalismo “tradicional” (jornais em papel) e o novo media (representado pelo Blog Capitol Hill) e a questão da objectividade são alguns dos pontos abordados neste filme.

O jornalismo de investigação narra uma história verdadeira. Desvenda mistérios e factos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção, que podem eventualmente virar notícia. É uma actividade com características específicas que se diferencia do jornalismo comum pelos seguintes aspectos:

  • Investigação minuciosa dos factos que requer muito tempo
  • Disponibilidade de recursos específicos: tempo, dinheiro, talento e sorte
  • Precisão das informações (o jornalismo de investigação é conhecido também como Jornalismo de Precisão)

 

O filme aborda a questão da disponibilidade dos recursos quando, num momento, a directora do jornal diz a Cal Mcaffrey que, mesmo que experiente, “ele é muito caro e demora muito tempo”, e Della, embora inexperiente, é “ambiciosa, barata e reproduz artigos a toda a hora”. É possível também perceber como os meios económicos se apoderaram dos órgãos de comunicação. Estes lidam com as notícias como mercadorias onde o principal objectivo é vender mais que os outros mesmo que para isso não se cumpram todas as fases da construção da mesma, como o contraditório, por exemplo.

Cal Mcaffrey, representa o “antes” por não dominar as novas tecnologias, e Della representa o jornalismo de agora onde a palavra “rapidez” parece ser a palavra-chave. É um contraste interessante, pois o envolvimento destas duas personagens acaba por ser uma aprendizagem: Cal acaba por ensinar a Della que, no jornalismo de investigação, ela tem que ter todas as confirmações e não fazer aquilo que ele designou como “Vomitares on-line”. Apesar da visão negativa dos on-line que nos é dada através da personagem principal, o objectivo é mostrar como os dois meios podem coexistir.

A questão das fontes de informação acompanham o filme do inicio ao fim. As fontes e os conhecimentos fornecem uma base sólida como ponto de partida para a narrativa e como rampa de lançamento para outras testemunhas importantes na história. A construção da narrativa vai desde do detective Bell à rapariga da rua (no filme), isto é, da fonte de informação oficial à fonte de informação oficiosa. Tudo é relevante mas é necessário conseguir manter distância. Tudo tem que ser confirmado ao pormenor, dando sempre maior credibilidade às fontes oficiais. Cal, o jornalista, consegue ainda, muitas informações através de Fontes Anónimas. Ele protege as suas fontes pedindo que elas contem aquilo que sabem “sem nomes”. Atribui-lhes a importância necessária – são importantes, necessárias à procura da verdade.

O jornalista não consegue ser totalmente objectivo. Cada pessoa tem as suas crenças, não vive isolado e sofre influências. A questão da objectividade é levantada neste filme com as personagens Cal e Stephen Collins. Qualquer jornalista deve tentar distanciar-se, embora que difícil, para não beneficiar um amigo. A regra é ser o mais objectivo que possível.

Este filme deixa-nos a todos, pelo menos quem gosta da área, com vontade de sermos jornalistas.

 

 


 

Por: Joana Silva

publicado por joanassilva78 às 10:34

Sinopse:

 

 

Cal Mc Caffrey (Russell Crowe) é um jornalista de investigação de Washington Globe, que tenta desvendar um assassinato onde estão implicados alguns dos maiores políticos e empresários dos EUA.

Stephen Collins (Ben Affleck), é um carismático e promissor político, que é visto como o futuro do partido. Todos os olhos estão sobre a estrela em ascensão, para ser candidato do seu partido, na próxima corrida presencial, até que a sua assistente e amante é brutalmente assassinada e todos os segredos, até então enterrados, começam a ser revelados.

Mc Caffrey, um velho amigo de Collins, foi destacado pela diretora do jornal, Cameron (Helen Mirren) para investigar o caso. Com ele, a sua colega Della (Rachel Mc Adams), tentam desvendar a identidade do assassino, numa operação de encobrimento que ameaça abalar as estruturas de poder da nação.

Numa cidade de “spin-doctors e políticos ricos”, ele descobrirá a verdade, mesmo estando milhões em jogo.

 

 

 

Breves Comentários:

 

State of Play, é uma história elaborada, com tendências para uma grande reportagem. Apresenta com maturidade, em como um tipo de jornalismo, tem um impacto substancial na política e no discurso público.  Apresenta-nos que é possível, quando um grupo de jornalistas colabora, com vastos recursos, para investigar uma história que pode ter implicações para todos os americanos.

 

Leva-nos a refletir para um dos problemas do jornalismo impresso, que cada vez mais, tem tendências para o seu desaparecimento. Para muitos, podem regozijar-se com a noção de um futuro inteiramente digital para o jornalismo, onde a informação é acessível, os factos são acompanhados frequentemente e de fácil utilização (jornalismo cidadão). Esta tensão na indústria do jornalismo, trouxe para o cinema o filme State of Play, inspirado numa série da BBC, que durante o seu desenvolvimento, funciona como um puzzle, em que à medida que as peças se vão unindo, o público começa a interessar-se pela história.

 

A preocupação do realizador em garantir a fluidez da narrativa, essenciais no jornalismo, põe à tona alguns elementos, tais como, a ética (o jornalista é amigo do político envolvido) e o futuro do jornal impresso (manchetes convidativas para vender versus a informação gratuita online). Além da conjuntura ética, existe um romantismo que envolve a profissão jornalística do início ao fim. Há uma trama política, mas na minha opinião, a intenção é a de reaver a figura do bom e velho repórter, que é capaz de se arriscar, por uma boa matéria.

 

Agindo como se fosse um detetive, chegando ao limite da linha ética da profissão, já que a matéria inclui um escândalo que envolve um amigo. Mc Caffrey é o exemplo perfeito do jornalismo de investigação, vertente que no quotidiano atual é pouco trabalhado, por inúmeros motivos. Dois deles são evidenciados no filme; a crise do setor editorial, com a redução drástica na circulação de publicações tradicionais, e o avanço do jornalismo online.

 

Creio que este filme é de interesse público, porque a história desperta-nos à curiosidade e interesse para descobrir realmente o que aconteceu. A sociedade tem necessidade de saber, e o jornalismo de investigação tem essa função, dedicando-se a desvendar situações complexas, geralmente ocultas, que implicam um maior esforço do jornalista.

Neste filme há questões jornalísticas que podem ser levantadas, tais como a ética, que nos reporta a pensar e a agir em torno da liberdade, verdade e interesse público. Quem diz a verdade? Quem quer a verdade? Quem distorce os factos? Dúvidas complexas que surgem durante o desempenho da profissão de jornalista.

 

O jornalista atua como se fosse uma balança de equilíbrio de verdades, nesse espaço público, chamado comunicação. A informação jornalística tem um papel harmonizador dessa esfera pública, onde as pessoas e ideias circulam com liberdade.

 

Para terminar, uma boa parte do filme põem em causa a questão de liberdade e da razão, sendo a última, a condição que torna o homem consciente da sua individualidade e do seu convívio coletivo. Porém, nota-se que por parte de alguns jornalistas do filme, a liberdade que permaneceu foi a liberdade de escolha, ou seja, a busca intensa do desejo de saber, escrever, de ser o melhor.

 

Este filme, pode ser evocado como um dos grandes filmes do Jornalismo, sendo inevitável a ligação jornalística ao filme All the Presidents Men.

 

Por Anabela Pestana



O texto está escrito segundo as normas do Acordo Ortográfico

publicado por anabelapestana às 01:02

18
Jun 10

 

 

 

 

 

 

 

“A damn fine reporting”   por Joana Freitas

 

 

Assemelhando-se ao caso de Watergate, State of Play deixa bem vincados casos de corrupção política que se tornam uma história a ser desvendada. Realçando a importância do jornalista, e do seu tradicional papel de defesa da sociedade e de exposição da mentira, o filme destaca um dos mais nobres géneros jornalísticos: a reportagem de investigação.

O jornalismo de investigação narra uma história. Uma história verdadeira que incide sobre um acontecimento, esclarece-o e dá vida a informação em bruto. Tomando partido do desejo do leitor em saber o mundo em que vive, o jornalista parte para o trabalho de campo, correndo atrás de factos, cruzando-os, montando-os e construindo uma história por entre princípios e técnicas:

 

publicado por jornalismoespecializado_jo às 19:15

17
Jun 10

 

"Story-line"

 

Realizado por Kevin McDonald, este filme é baseado numa série política da BBC. Com nomes sonantes no seu elenco principal, como Russell Crowe, Ben Affleck, Harry Lennix e Rachel McAdams, “State of Play”, conta uma história que aborda as reviravoltas e conspirações político-militares. Ao mesmo tempo que entramos numa rede de informações e transformações, dadas e muito bem pelo excelente argumento, damos conta de que este não é só mais um Thriller Político mas sim o bom resultado de uma investigação fictícia que consegue prender-nos ao ecrã.  Neste caso, trata-se de uma investigação com final feliz, carregada de perspicácia do jornalista. É um argumento complexo que requer bastante atenção mas que deixa transparecer o brilhantismo e talento de McDonald.

 


 

1.Com bom resultado, mas com estrutura previsível, Intrigas de Estado vale como um entretenimento passageiro.”


 

 


publicado por carlacoelho às 23:01

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